Condromalácia patelar dói o tempo todo? Entenda o padrão da dor

A condromalácia patelar é uma das causas mais comuns de dor na região anterior do joelho, principalmente em pessoas ativas, praticantes de atividades que envolvem agachamentos, saltos ou corrida, além de mulheres jovens. Essa condição é caracterizada pela degeneração da cartilagem responsável por revestir a parte posterior da patela, gerando atrito, inflamação e dor. Nesse sentido, uma dúvida muito comum entre os pacientes é se a condromalácia patelar dói o tempo todo.

A resposta é: depende. O padrão da dor pode variar de acordo com o grau da lesão, os hábitos do paciente e a resposta do organismo à sobrecarga. Neste material, vamos esclarecer como essa dor se manifesta, quando ela costuma ser mais intensa e como lidar com o desconforto para manter a qualidade de vida.


O que é condromalácia patelar e por que ela causa dor?

A cartilagem patelar tem a função de amortecer o contato entre a patela e o fêmur durante os movimentos de flexão e extensão do joelho. Quando essa cartilagem está desgastada ou amolecida (condição chamada de condromalácia), o atrito entre as estruturas ósseas aumenta, levando à inflamação e dor na parte da frente do joelho. Essa dor pode se agravar com atividades que exigem flexão do joelho ou aumentam a pressão na articulação patelofemoral.

A condromalácia é dividida em quatro graus, de acordo com a gravidade. No grau 1, há apenas o amolecimento da cartilagem; no grau 4, observa-se a perda total da cartilagem, com exposição do osso subcondral. Naturalmente, quanto maior o grau, mais intensa e constante tende a ser a dor.

No entanto, o grau da lesão nem sempre é proporcional ao incômodo relatado. Pacientes com lesões leves podem sentir muita dor, e o oposto também pode ocorrer.

Entre os fatores que contribuem para o desenvolvimento da condromalácia estão o desalinhamento da patela, encurtamentos musculares, fraqueza muscular, excesso de impacto, sobrepeso e alterações biomecânicas na marcha. Mulheres são mais suscetíveis por conta da anatomia do quadril e da maior frequência de valgo dinâmico.

Leia também: Tratamento para condromalácia patelar grau IV, opções cirúrgicas e não cirúrgicas


A condromalácia patelar dói o tempo todo?

A dor da condromalácia patelar nem sempre é constante, mas pode se tornar mais frequente nas fases avançadas da condição ou em períodos de crise inflamatória. Nos estágios iniciais, é comum que o paciente sinta dor apenas durante a realização de atividades específicas, como agachar, correr, subir escadas ou permanecer muito tempo sentado com o joelho dobrado.

Conforme o quadro evolui, a dor pode aparecer em repouso ou mesmo durante atividades cotidianas, como caminhar em terreno plano ou ficar de pé por longos períodos. Em alguns casos, o incômodo se manifesta como uma sensação de peso, queimação, estalos ou pressão na região anterior do joelho.

Durante as crises inflamatórias, a dor pode ser contínua, principalmente à noite, e vir acompanhada de inchaço, dificuldade para apoiar o peso e limitação de movimento. Esse padrão é muito comum em pacientes com condromalácia grau 3 ou 4, especialmente quando a articulação está sobrecarregada por esforço físico intenso ou posturas inadequadas.

É importante ressaltar que o padrão da dor varia muito de paciente para paciente. Algumas pessoas relatam dor leve, mas persistente ao longo do dia; outras, picos de dor intensa durante determinadas atividades. A individualização da resposta inflamatória, o nível de atividade física e a qualidade da musculatura estabilizadora são fatores que influenciam a intensidade e a frequência do desconforto.


O que pode agravar a dor da condromalácia patelar?

Diversos fatores podem piorar o quadro de dor da condromalácia patelar. Entre os principais estão: fraqueza muscular, sedentarismo, sobrepeso, desalinhamento do joelho e realização inadequada de exercícios. Quando combinados, esses elementos aumentam a pressão na articulação patelofemoral e favorecem o desgaste progressivo da cartilagem.

O sedentarismo é especialmente prejudicial, pois reduz a força dos músculos que estabilizam a patela, como quadríceps e glúteo médio. Com esses músculos enfraquecidos, há um comprometimento do controle do movimento do joelho, gerando microtraumas repetitivos na cartilagem já lesionada. Além disso, a falta de atividade física favorece o acúmulo de peso corporal — outro fator que amplia a sobrecarga articular.

Algumas atividades físicas podem agravar a dor quando realizadas de forma inadequada ou sem acompanhamento profissional. Corridas em aclive, saltos, exercícios de impacto excessivo e agachamentos profundos acentuam a pressão da patela contra o fêmur. Por isso, é necessário que o plano de exercícios seja personalizado e adaptado ao grau da condromalácia do paciente.

Além do esforço físico, questões biomecânicas e posturais também influenciam. Pacientes com pés pronados, joelho valgo ou alterações na rotação do quadril têm maior predisposição a desalinhamentos patelares, o que contribui para o agravamento da dor. Nesses casos, o uso de palmilhas ortopédicas e correções posturais podem ser de grande ajuda.


Como aliviar a dor e melhorar o padrão de movimento

A boa notícia é que a condromalácia patelar, na maior parte dos casos, pode ser tratada por meio de uma abordagem conservadora, com grande alívio da dor. O tratamento se baseia em três pilares: fortalecimento muscular, correção biomecânica e modulação da dor. Combinando esses fatores, é possível restaurar o controle articular e reduzir a sobrecarga na patela.

O fortalecimento do quadríceps, principalmente da porção medial (vasto medial oblíquo), é uma das estratégias mais eficazes para a melhora dos sintomas. Esse músculo ajuda a manter a patela centrada no sulco femoral durante a movimentação do joelho, reduzindo o atrito. Glúteos e core também devem ser trabalhados para contribuir com a estabilidade global do membro inferior.

A fisioterapia é o recurso mais indicado para os quadros sintomáticos. Eletroterapia, liberação miofascial, cinesioterapia e exercícios terapêuticos são técnicas que ajudam a controlar a dor, restaurar a função do joelho e melhorar o alinhamento.

O controle do peso corporal e o ajuste do calçado para a prática esportiva também ajudam a evitar crises de dor. Com um plano de tratamento bem estruturado e acompanhado, é possível manter a funcionalidade do joelho e retomar as atividades sem desconforto.


Quando a condromalácia exige atenção especializada?

Nem todos os casos de condromalácia evoluem de forma benigna. Pacientes que não apresentam bons resultados com o tratamento conservador, mesmo após semanas de fisioterapia e modificação da carga, devem ser reavaliados para uma nova abordagem. Persistência da dor, estalos dolorosos, piora progressiva e limitação funcional são sinais de alerta que indicam a necessidade de investigação mais aprofundada.

Exames como ressonância magnética podem ser solicitados para avaliar o grau da condromalácia e verificar a presença de lesões associadas, como edema ósseo, fissuras ou sobrecarga em outras articulações. Nesses casos, o acompanhamento com um ortopedista é fundamental.

Casos graves, ou com dor crônica persistente, podem se beneficiar de procedimentos como infiltrações com ácido hialurônico, aplicação de plasma rico em plaquetas (PRP) ou até mesmo cirurgia. A condroplastia, o realinhamento da patela e a microfratura estão entre as opções cirúrgicas viáveis para tratar essa condição.

É importante lembrar que a condromalácia é uma condição degenerativa quando não tratada adequadamente. Por isso, o acompanhamento médico não deve ser negligenciado quando há piora dos sintomas ou prejuízo na qualidade de vida.

Se você sente dor na frente do joelho ao subir escadas ou permanecer muito tempo sentado, agende uma consulta. Cuide da sua articulação antes que o problema evolua.

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