
Joelho valgo: fortalecimento pode resolver?
O joelho valgo é uma condição ortopédica caracterizada pelo desalinhamento dos joelhos, que se voltam para dentro, fazendo com que os tornozelos fiquem afastados mesmo quando os joelhos estão juntos. Comumente chamado de joelho em “X”, esse desvio pode afetar tanto crianças quanto adultos e, dependendo da gravidade, causar alterações na marcha, dores e maior predisposição a lesões. Mas será que o fortalecimento muscular é o bastante para corrigir ou suavizar esse quadro? A busca por soluções menos invasivas para tratar o joelho valgo, como fisioterapia e fortalecimento, tem crescido — principalmente entre pacientes que desejam evitar a intervenção cirúrgica. No entanto, é necessário compreender a causa do desalinhamento e os limites do tratamento conservador. Para te ajudar, vamos explorar neste material como o fortalecimento atua no joelho valgo, quais músculos devem ser priorizados e em que situações ele pode trazer bons resultados. O que é joelho valgo e por que ele acontece O joelho valgo pode ter causas variadas, desde fatores genéticos e alterações no desenvolvimento até consequências de hábitos posturais e desequilíbrios musculares. Nas crianças, é comum que seja observado um certo grau de valgo fisiológico entre os dois e seis anos, que geralmente se corrige de forma espontânea com o crescimento. Contudo, quando esse desalinhamento persiste ou aparece na vida adulta, se torna motivo de atenção clínica. Entre os fatores que contribuem para a manutenção ou agravamento do joelho valgo estão a frouxidão ligamentar, fraqueza da musculatura estabilizadora do quadril, encurtamentos musculares, obesidade e alterações no eixo dos membros inferiores. O impacto dessa condição vai além da aparência estética, podendo gerar sobrecarga nas articulações — como joelhos, tornozelos e quadril — e aumentar o risco de lesões como condromalácia patelar e artrose precoce. Além das questões biomecânicas, a marcha também é afetada. O paciente com joelho valgo pode apresentar padrão de caminhada compensatório, comprometendo a eficiência do movimento e o equilíbrio. Quando não tratado, esse desalinhamento tende a se agravar com o tempo, principalmente quando associado a fatores como sobrepeso e sedentarismo. Por esse motivo, o diagnóstico preciso é fundamental. É necessário avaliar se o valgo é estrutural ou funcional para definir a abordagem ideal. Nos casos de valgo funcional, o fortalecimento pode ter um papel essencial na estratégia terapêutica. Como o fortalecimento pode ajudar no joelho valgo? O fortalecimento muscular atua diretamente no alinhamento dinâmico dos membros inferiores. Nos casos de joelho valgo funcional, onde o desvio acontece principalmente durante a movimentação e não em repouso, trabalhar os músculos responsáveis pela estabilidade do quadril e joelho pode gerar uma melhoria significativa. O objetivo, nesse caso, é promover o equilíbrio entre as forças musculares que atuam na articulação do joelho. Os principais grupos musculares que precisam ser fortalecidos nesse caso incluem os abdutores do quadril (como o glúteo médio), rotadores externos do quadril, isquiotibiais e a musculatura do core. Quando esses músculos estão enfraquecidos, o joelho tende a cair para dentro durante atividades como caminhar, correr ou agachar. Quando estão fortalecidos e ativos, eles contribuem para o alinhamento correto e a distribuição adequada da carga. A reeducação dos movimentos também é parte fundamental do processo. Exercícios funcionais que simulam padrões de movimentos do dia a dia — como agachamentos, passadas e avanços — podem ser adaptados para treinar o controle do valgo dinâmico. O acompanhamento fisioterapêutico e com educador físico especializado é necessário para corrigir padrões compensatórios e evitar sobrecargas. Vale destacar que o fortalecimento não é apenas uma medida corretiva, mas também preventiva. Pessoas com predisposição ao joelho valgo ou com histórico familiar podem se beneficiar de um programa de exercícios voltado para o equilíbrio muscular desde cedo, evitando o desenvolvimento de sintomas mais graves. Em quais casos o fortalecimento não é suficiente? Apesar dos benefícios do fortalecimento, ele não consegue resolver todos os casos de joelho valgo. Quando o desalinhamento tem origem estrutural — ou seja, está relacionado a alterações na tíbia, fêmur ou quadril — a intervenção conservadora tem resultados limitados. Nesses casos, o joelho permanece em valgo mesmo com a musculatura forte. Além disso, pacientes com deformidades acentuadas, instabilidade relevante, dores crônicas ou que já apresentam sinais de artrose avançada podem necessitar de outras abordagens de tratamento. A cirurgia corretiva (como a osteotomia) pode ser recomendada para o realinhamento do eixo dos membros, principalmente quando há comprometimento funcional significativo. A aderência ao tratamento é outro fator fundamental. O fortalecimento requer disciplina, frequência e aplicação de técnicas adequadas. Sem isso, os resultados tendem a ser insatisfatórios. Muitos pacientes acabam abandonando o protocolo de tratamento antes mesmo do tempo necessário ou realizando os movimentos de forma incorreta, piorando o quadro. Isso significa que, em alguns casos, o tratamento ideal pode ser multidisciplinar. O fortalecimento precisa estar associado ao controle de peso, uso de palmilhas ortopédicas, reeducação postural e acompanhamento clínico periódico. Leia também: Alinhamento do joelho: exercícios ajudam a corrigir? Quais os exercícios mais indicados para joelho valgo? O plano de exercícios deve ser individualizado, respeitando sempre o nível de condicionamento do paciente e o grau do desalinhamento. No entanto, existem exercícios que são especialmente recomendados por promoverem o fortalecimento dos músculos estabilizadores e melhorarem o controle do movimento, como: Também é comum o uso de exercícios com minibands, treinamento em superfícies instáveis e circuitos funcionais. A progressão deve ser gradual, com foco no alinhamento e na ativação muscular adequada. Embora não haja uma regra, a frequência ideal é de no mínimo duas a três vezes por semana, sempre com acompanhamento profissional. Quando procurar ajuda de um especialista? Muitas vezes, o joelho valgo passa despercebido até que os sintomas apareçam — como dor, desconforto ao caminhar ou limitação das atividades. Nesses casos, é necessário buscar um ortopedista para uma avaliação. Esse profissional poderá realizar exames físicos, solicitar exames complementares e indicar o melhor caminho de tratamento. Pacientes que já tentaram fortalecimento por conta própria, mas não obtiveram bons resultados, também devem buscar acompanhamento. O mesmo vale para quem apresenta agravamento do desalinhamento, histórico de quedas ou sobrepeso associado — fatores que exigem um olhar