Joelho de corredor: prevenção de lesões e cuidados para longa distância
A corrida é uma das atividades físicas mais praticadas ao redor do mundo, reconhecida por todos os benefícios que ela proporciona para o condicionamento cardiovascular, controle de peso e bem-estar mental. Entretanto, ela também é uma das modalidades que mais exigem das articulações inferiores, principalmente dos joelhos. O chamado joelho de corredor, termo popular para síndrome da dor femoropatelar, é uma das queixas mais comuns entre os praticantes. A dor típica surge na parte anterior do joelho, ao redor da patela, e pode se intensificar ao subir escadas, agachar ou permanecer muito tempo sentado. Embora seja uma lesão multifatorial, geralmente está associada à sobrecarga mecânica, erros de treinamento e desequilíbrio muscular. O que é o joelho de corredor e por que ele ocorre O joelho de corredor é caracterizado pela inflamação e sobrecarga na articulação entre a patela e o fêmur. Essa região é responsável pela transmissão das forças do quadríceps durante a corrida, o salto e outras atividades que envolvem a flexão do joelho. Quando há desequilíbrio muscular ou desalinhamento, a patela desliza de forma inadequada sobre o fêmur, gerando atrito e inflamação. Os principais fatores de risco incluem fraqueza do quadríceps — principalmente do vasto medial —, encurtamento muscular, excesso de treino sem recuperação adequada e uso de calçados inadequados. Alterações na pisada, como pronação excessiva, também contribuem para o desalinhamento patelar. Além disso, o aumento repentino do volume ou da intensidade dos treinos é um dos maiores vilões. O corpo precisa de tempo para se adaptar à carga e, quando essa progressão é feita sem planejamento, o tecido cartilaginoso sofre microlesões cumulativas que resultam em dor. É importante lembrar que, embora o termo “joelho de corredor” seja popular, essa síndrome não se limita aos atletas. Pessoas sedentárias ou que passam longos períodos sentadas com o joelho dobrado também podem desenvolver o quadro devido à fraqueza muscular e má postura. Sintomas e diagnóstico da síndrome femoropatelar O sintoma mais característico do joelho de corredor é a dor anterior no joelho, descrita como um desconforto profundo que pode irradiar ao redor ou atrás da patela. Essa dor tende a piorar ao subir ou descer escadas, correr em ladeiras, agachar ou permanecer sentado por longos períodos. Muitos pacientes também relatam estalos ou sensação de areia no joelho ao movimentá-lo, o que indica atrito patelofemoral. Nos casos mais avançados, pode haver edema leve e limitação da flexão. O diagnóstico dessa condição é clínico, baseado no histórico do paciente e em testes físicos específicos. O ortopedista avaliará o alinhamento dos membros inferiores, a força muscular e a estabilidade da patela. Caso necessário, exames de imagem como radiografia ou ressonância magnética podem ser solicitados para descartar outras causas de dor anterior, como condromalácia patelar, tendinite ou lesão meniscal. Prevenção: o papel do fortalecimento e da biomecânica A prevenção do joelho de corredor passa por um tripé fundamental: fortalecimento, equilíbrio e técnica. O fortalecimento do quadríceps, principalmente do vasto medial oblíquo, é essencial para estabilizar a patela e reduzir o atrito durante o movimento. Exercícios como leg press leve, cadeira extensora e agachamentos com amplitude controlada são indicados. O trabalho de fortalecimento deve incluir também glúteos e core, que têm papel determinante no alinhamento dos membros inferiores. Glúteos fracos levam ao valgo dinâmico, que aumenta a sobrecarga patelofemoral. A flexibilidade é outro componente crucial. Alongamentos regulares dos isquiotibiais, quadríceps e banda iliotibial ajudam na manutenção do equilíbrio e previnem compensações. Leia também: Condropatia patelar grau 4: quando é necessário o tratamento cirúrgico Tratamento e reabilitação do joelho de corredor Quando a dor já está presente, o tratamento costuma começar com a redução temporária da carga de treino. Isso não significa necessariamente parar completamente de correr, mas ajustar o volume e a intensidade para permitir a recuperação do tecido. A fisioterapia é o pilar desse tratamento. O programa fisioterapêutico inclui fortalecimento específico, exercícios de controle neuromuscular e reeducação da marcha e da corrida. Técnicas como liberação miofascial e mobilização patelar ajudam no alívio da dor e na melhora da mecânica articular. A crioterapia nas fases iniciais auxilia no controle do processo inflamatório, enquanto o uso de bandagens funcionais ajuda no reposicionamento da patela durante os treinos. Em alguns casos, o médico pode indicar infiltrações de ácido hialurônico ou plasma rico em plaquetas (PRP) para promover regeneração e reduzir o atrito. A longo prazo, manter a saúde do joelho exige consistência. A prevenção deve ser parte integrante da rotina de corrida e não apenas uma resposta à dor. Alternar modalidades, incluir treinos de força e respeitar períodos de descanso são atitudes que prolongam a vida esportiva e evitam lesões recorrentes. O joelho de corredor não é uma sentença para quem ama o esporte. Com diagnóstico precoce, fortalecimento direcionado e acompanhamento adequado, é possível voltar às pistas com segurança e performance. Você sente dor no joelho durante ou após a corrida? Agende uma avaliação e garanta um diagnóstico preciso e tratamento personalizado.