Condromalácia patelar: quais exercícios pioram a dor e por quê?

condromalácia patelar

A condromalácia patelar é uma condição que afeta a cartilagem localizada atrás da patela, gerando dor na parte anterior do joelho — principalmente ao subir escadas, agachar ou permanecer sentado por muito tempo. Essa é uma das principais causas de dor patelofemoral em adultos, sobretudo em mulheres e praticantes de atividade física. Embora o exercício físico seja fundamental no tratamento da condromalácia, alguns movimentos, quando realizados inadequadamente, podem agravar a dor e piorar o quadro. Compreender quais são esses exercícios — e evitá-los — é necessário para o manejo correto da condição e uma reabilitação eficaz. O que é condromalácia patelar e por que ela causa dor? A condromalácia é definida pelo amolecimento ou desgaste da cartilagem que recobre a superfície posterior da patela. Em um joelho saudável, essa cartilagem permite o deslizamento suave da patela sobre o fêmur durante os movimentos de flexão e extensão. Alterações nessa estrutura fazem com que o atrito entre os ossos aumente, gerando dor e inflamação. Entre os principais fatores que contribuem para o desenvolvimento da condromalácia patelar estão: A condição é bastante comum entre atletas, mas também pode surgir em pessoas sedentárias, por má postura ou desequilíbrios musculares. É comum que a dor piore em atividades que envolvem sobrecarga do joelho em flexão, como subir e descer escadas, agachar, ajoelhar ou permanecer muito tempo sentado. Por essa razão, o planejamento de exercícios deve respeitar os limites biomecânicos e as necessidades do paciente. Leia também: Tratamento para condromalácia patelar grau IV, opções cirúrgicas e não cirúrgicas Exercícios que aumentam a pressão femoropatelar Determinados movimentos aumentam significativamente a pressão entre a patela e o fêmur, principalmente quando realizados em ângulos mais fechados. Isso intensifica o atrito sobre a cartilagem danificada e agrava os sintomas da condromalácia patelar: Agachamentos profundos: quando o agachamento ultrapassa os 90 graus, a compressão patelofemoral se intensifica. Isso causa uma sobrecarga na cartilagem da patela e tende a gerar dor, principalmente se o paciente apresentar fraqueza no quadríceps ou má execução técnica. Leg press com carga alta e joelhos muito dobrados: muitos praticantes de academia executam o leg press com os joelhos quase encostando no peito, exigindo grande flexão do joelho e aumentando o contato entre a patela e o fêmur. Com carga excessiva, o risco de piora da dor se torna maior. Corrida em aclive ou escadas: subir rampas, esteiras inclinadas ou escadas exige uma ativação intensa da musculatura do quadríceps, principalmente em ângulos críticos da articulação. Além de gerar sobrecarga progressiva e dor, pode piorar o quadro de quem já tem condromalácia patelar. Exercícios pliométricos ou de salto repetitivo: saltos, polichinelos e atividades com impacto repetido exigem amortecimento adequado. Desequilíbrios musculares ou desalinhamentos fazem com que o impacto excessivo agrave o quadro doloroso. Esses exercícios não são contraindicados para todos os pacientes com condromalácia patelar, mas devem ser evitados em fases agudas da dor ou realizados com orientação profissional. Por que esses movimentos agravam os sintomas? A explicação para o agravamento dos sintomas está na biomecânica articular e na forma como a carga é distribuída sobre a patela. Durante a flexão do joelho, a patela se encaixa em uma ranhura do fêmur chamada tróclea. Quanto mais o joelho dobra, maior é a área de contato entre esses ossos — e, consequentemente, maior é a pressão. Quando essa cartilagem já está lesionada ou desgastada, a sobrecarga causa dor, inflamação e sensação de instabilidade. Se a musculatura responsável por estabilizar a patela estiver fraca, o alinhamento pode ser comprometido. O atrito entre os ossos se intensifica e os sintomas se agravam. O controle motor é outro ponto crítico. Movimentos rápidos, com impacto, ou realizados sem consciência corporal favorecem desvios e compensações articulares. O papel do fortalecimento inteligente na reabilitação Embora alguns exercícios piorem a dor, isso não significa que o paciente deva adotar repouso absoluto. Pelo contrário: a condromalácia patelar deve ser tratada com reabilitação ativa e fortalecimento muscular. O segredo é escolher os exercícios corretos e praticá-los no momento certo. Inicialmente, os movimentos devem ser realizados com baixo impacto, pouca flexão e foco na ativação do quadríceps sem dor. Exercícios como elevação de perna estendida, cadeira extensora em ângulo controlado e ponte para glúteos são boas opções nas fases iniciais. Conforme o paciente evolui, pode-se incluir exercícios em cadeia cinética fechada, com variações de carga e amplitude — respeitando sempre a tolerância à dor e o padrão de movimento. O fortalecimento dos músculos do quadril, abdômen e estabilizadores da pelve também é essencial para reduzir a sobrecarga. Isso significa que uma abordagem global e progressiva tende a trazer melhores resultados do que o foco isolado na articulação dolorosa. Como adaptar a atividade física com segurança Pessoas com condromalácia não precisam parar de praticar esportes, mas devem fazer adaptações para evitar a piora do quadro. Caminhadas leves, bicicleta com o banco mais alto (o que reduz a flexão do joelho) e natação são atividades geralmente bem toleradas e benéficas. Já na musculação, é necessário priorizar séries com baixa carga e maior número de repetições, evitando flexões profundas do joelho. Alongamentos para a cadeia posterior, glúteos e quadríceps também devem ser incorporados à rotina, sempre respeitando o limite da dor. Em todos os casos, é essencial contar com supervisão profissional para corrigir desvios de execução, melhorar o controle postural e garantir que os exercícios estejam adequados à fase clínica do paciente. Evitar a sobrecarga nos movimentos errados é tão importante quanto fortalecer os músculos certos. Se você sente dor na parte da frente do joelho ao agachar, subir escadas ou correr, procure um ortopedista ou fisioterapeuta. Agende sua consulta e inicie um tratamento precoce para preservar suas articulações!

Joelho valgo e varo: é possível conviver sem cirurgia?

joelho valgo

O joelho é uma articulação altamente complexa, responsável por suportar boa parte do nosso peso corporal e por permitir movimentos fundamentais para a locomoção. Desvios no alinhamento dos membros inferiores, como o joelho valgo e o joelho varo, comprometem esse equilíbrio funcional. Essas alterações — conhecidas popularmente como “joelho em X” e “pernas arqueadas”, respectivamente — geram dúvidas frequentes quanto à necessidade de cirurgia. A boa notícia é que, na maior parte dos casos, é possível conviver com essas condições com segurança, funcionalidade e sem necessidade de intervenção cirúrgica. Isso depende de diversos fatores, como presença de dor, grau do desvio, impacto na mobilidade e estilo de vida do paciente. O que são o joelho valgo e o joelho varo? O joelho valgo é caracterizado pela aproximação dos joelhos com afastamento dos tornozelos, formando o conhecido “joelho em X”. Essa condição altera o eixo mecânico do membro inferior e desloca a carga corporal para a parte lateral do joelho. Já o joelho varo, por sua vez, apresenta uma configuração oposta: os joelhos permanecem afastados mesmo quando os pés estão juntos, dando o aspecto de pernas arqueadas, com sobrecarga na parte medial da articulação. Ambas as condições podem ser congênitas, hereditárias ou adquiridas — especialmente quando relacionadas a fatores como obesidade, traumas, desequilíbrios musculares ou doenças ósseas. Em crianças, essas alterações são comuns como parte do desenvolvimento natural, com tendência à correção espontânea até os 7 anos de idade. Quando o desalinhamento persiste na idade adulta, pode gerar sobrecarga crônica na articulação, predispor ao desgaste, causar dor e limitar a funcionalidade. Por isso, é essencial avaliar a progressão do quadro, o impacto na marcha e o possível envolvimento de outras estruturas, como quadris e coluna. Leia também: Joelho valgo: fortalecimento pode resolver? Quando a cirurgia não é necessária? Nem todo caso de joelho valgo ou varo exige cirurgia. A maioria das pessoas com desvios leves ou moderados consegue manter uma vida funcional e ativa com acompanhamento clínico e tratamento conservador. Entre os principais critérios que indicam a viabilidade de um tratamento não cirúrgico, estão: Nesses casos, a correção total do desalinhamento não é o objetivo principal. O foco passa a ser a compensação adequada das estruturas envolvidas, com controle motor, estabilidade articular e preservação funcional. É importante lembrar que a presença do desalinhamento, por si só, não é indicativo de cirurgia. O que define a necessidade de intervenção é o grau de comprometimento funcional e a ausência de resposta aos tratamentos conservadores. Estratégias conservadoras para manejo do joelho valgo e varo O tratamento não cirúrgico dos desvios do joelho baseia-se em três pilares: reeducação funcional, fortalecimento muscular e controle da sobrecarga. Cada caso exige uma abordagem personalizada, considerando as particularidades anatômicas e funcionais do paciente. No caso do joelho valgo, o fortalecimento do quadríceps, glúteos e rotadores externos do quadril é essencial para evitar o colapso medial da articulação. Já no joelho varo, o foco se volta para os abdutores do quadril, isquiotibiais e estabilizadores mediais do joelho. A fisioterapia é uma aliada valiosa nesse processo, oferecendo recursos como: O uso de palmilhas ortopédicas, calçados adequados e o controle do peso corporal também podem ser recomendados, pois ajudam na redistribuição da carga e na redução da progressão do desalinhamento. Quando a cirurgia pode ser indicada? Apesar dos bons resultados com o tratamento conservador, há casos em que a cirurgia se torna necessária. A principal indicação é a presença de dor persistente, associada à deformidade progressiva e à falência das estratégias clínicas. A cirurgia mais comum é a osteotomia — um procedimento que permite o realinhamento do eixo do joelho por meio do corte e reposicionamento ósseo. A indicação depende de fatores como: Nos casos de artrose avançada e desalinhamento severo, pode ser indicada a colocação de uma prótese total de joelho. Contudo, essas situações representam uma minoria dos casos e, geralmente, são consequência de anos de sobrecarga sem tratamento adequado. Qual é a importância do diagnóstico precoce? Identificar precocemente o desalinhamento do joelho permite implementar uma intervenção mais eficaz e evita a progressão para quadros mais graves. Por isso, diante de qualquer sinal de alteração postural, dor frequente ou instabilidade ao caminhar, é essencial procurar ajuda de um ortopedista. A avaliação clínica é complementada por exames de imagem, como radiografias com carga, que ajudam a medir o ângulo de desvio e identificar sinais de desgaste articular. Em alguns casos, também pode ser necessário realizar exames funcionais, como avaliação da marcha ou baropodometria. Com base nesse diagnóstico, é possível traçar um plano terapêutico individualizado, com foco na reabilitação funcional e no controle da sobrecarga. Quanto antes essas medidas forem implementadas, maiores as chances de evitar complicações e preservar a funcionalidade do joelho. O tratamento conservador bem conduzido é eficaz para a maioria dos casos de joelho valgo e varo. Fortalecimento muscular, correção postural, controle da sobrecarga e acompanhamento profissional são aliados valiosos para preservar a função articular. Se você notou alterações no alinhamento dos joelhos ou sente dor ao caminhar, agende sua consulta e conte com uma avaliação especializada.

Joelho varo e corrida: como adaptar os treinos para evitar a sobrecarga?

joelho varo

Popularmente conhecido como pernas arqueadas, o joelho varo é uma condição em que os joelhos ficam afastados mesmo quando os pés estão juntos. Esse desalinhamento, que altera o eixo de sustentação do corpo, pode afetar diretamente a mecânica da corrida e, se não for corretamente tratado, provocar sobrecarga nas articulações, especialmente nos joelhos e tornozelos. Embora muitas pessoas com joelho varo corram sem maiores problemas, é necessário que os corredores entendam os impactos desse desalinhamento para prevenir lesões e manter a performance com segurança. Com uma avaliação biomecânica precisa e ajustes bem planejados nos treinos, é possível adaptar a prática da corrida à estrutura do corredor, reduzindo significativamente o risco de sobrecarga articular. O que é joelho varo e como ele interfere na corrida O joelho varo é um desalinhamento caracterizado pela abertura dos joelhos para fora, gerando um aspecto de pernas arqueadas. Essa alteração pode ser congênita, decorrente de doenças como o raquitismo, ou se desenvolver ao longo da vida por sobrecarga articular, hábitos posturais inadequados ou alterações estruturais. No caso dos adultos, o joelho varo também pode ser consequência do desgaste cartilaginoso, principalmente em casos de artrose medial no joelho. Durante a prática de corrida, o corpo exige uma biomecânica precisa para distribuir adequadamente as forças de impacto. O joelho varo modifica essa distribuição, gerando maior pressão na parte interna do joelho (compartimento medial) e alterando consideravelmente a absorção de impacto. Isso pode sobrecarregar estruturas como meniscos, ligamentos e cartilagem, além de afetar a articulação do quadril e tornozelo, que precisam compensar o desalinhamento. O joelho varo também pode causar desequilíbrios musculares. Músculos como adutores, quadríceps e isquiotibiais podem trabalhar de forma desigual, aumentando o risco de fadiga, dor e lesões por uso excessivo. Com o passar do tempo, o padrão de corrida se torna ineficiente e exige mais energia para manter o mesmo rendimento. É importante lembrar que muitos corredores com esse tipo de eixo também apresentam boa adaptação biomecânica. A diferença está na presença de sintomas como dor, limitação funcional ou histórico de lesões. Avaliação individual: o primeiro passo antes do ajuste dos treinos Antes de qualquer adaptação ou ajuste no treino de corrida, é necessário realizar uma avaliação biomecânica completa. Esse exame é conduzido por fisioterapeutas ou profissionais de medicina esportiva e analisa o padrão de marcha, mecânica de corrida, força muscular, alinhamento dos membros inferiores e amplitude de movimento. Com base nessas informações, é possível identificar os fatores que aumentam o risco de sobrecarga. Também é necessário avaliar a rigidez ou frouxidão ligamentar, fatores que influenciam diretamente a estabilidade articular. Pacientes com joelho varo e laxidade ligamentar têm maior risco de desenvolver instabilidade durante a realização de movimentos rápidos ou de impacto. Durante a avaliação, o profissional também pode identificar alterações secundárias ao joelho varo, como pisada supinada, rotação externa excessiva do quadril ou encurtamento muscular. Quando esses fatores não são corrigidos, podem perpetuar o padrão inadequado de movimento e aumentar o risco de lesões como fasceíte plantar, condropatia patelar e tendinites. Somente com os dados da avaliação em mãos é possível personalizar o treino de corrida, respeitando os limites individuais de cada corpo. Essa abordagem é especialmente importante para corredores amadores, que não contam com acompanhamento constante e podem não perceber os primeiros sinais de sobrecarga. Como adaptar os treinos de corrida em quem tem joelho varo A principal estratégia para corredores com joelho varo é adaptar os treinos para minimizar a sobrecarga no compartimento medial do joelho, favorecendo um padrão de corrida mais equilibrado. Isso pode ser feito por meio de ajustes na intensidade, volume, frequência e tipo de solo, acompanhados de fortalecimento muscular e uso de calçados adequados. O fortalecimento dos músculos estabilizadores do quadril — como glúteo máximo, glúteo médio e rotadores externos — é indispensável. Esses músculos ajudam a alinhar o fêmur durante a passada e reduzem a tendência do joelho a se projetar lateralmente. Além disso, o core deve ser trabalhado para garantir estabilidade pélvica e controle postural durante a corrida. A progressão de volume e intensidade deve ser feita sempre com cautela. Evitar treinos consecutivos, intercalar corrida com caminhada e priorizar superfícies menos rígidas são medidas que ajudam a reduzir a sobrecarga articular. Também é importante realizar alongamentos regulares dos músculos que tendem a estar encurtados nesse tipo de eixo, como adutores e gastrocnêmios. Quando o joelho varo se torna um fator limitante? Apesar das adaptações possíveis, há casos em que o joelho varo pode se tornar um fator limitante para a prática da corrida. Isso acontece principalmente quando o desalinhamento é severo, causa dor persistente ou está associado a lesões estruturais — como artrose, lesões meniscais ou degeneração cartilaginosa. Nesses casos, o impacto repetitivo da corrida pode acelerar o desgaste articular. Outro sinal de alerta é a presença de instabilidade durante a corrida ou episódios frequentes de travamento, falseio ou inchaço no joelho após os treinos. Esses sintomas indicam que a articulação está sofrendo uma sobrecarga acima do tolerável e precisa de investigação médica. Persistir no treino sem os devidos ajustes pode agravar o quadro e levar à necessidade de tratamento cirúrgico. Corredores com histórico de lesões recorrentes também devem ter atenção redobrada. A repetição de tendinites, fraturas por estresse ou dor crônica nos membros inferiores pode estar diretamente relacionada ao desalinhamento biomecânico não tratado. Nesses casos, o acompanhamento com um ortopedista é fundamental para definir a continuidade ou substituição da atividade. Isso não quer dizer que o corredor com joelho varo precise abandonar o esporte. Muitas vezes, a solução está na redução do volume dos treinos, na variação dos estímulos, no investimento em reabilitação e em uma periodização mais conservadora. Leia também: Deformidade no joelho: quando buscar um especialista A importância do acompanhamento profissional Por mais que existam orientações gerais sobre joelho varo e corrida, cada corpo responde de forma única. Por isso, o acompanhamento com profissionais especializados é o caminho mais seguro para adaptar os treinos e garantir longevidade esportiva. Médicos do esporte, fisioterapeutas e treinadores com experiência podem ajudar a identificar padrões … Ler mais

Joelho valgo: fortalecimento pode resolver?

joelho valgo

O joelho valgo é uma condição ortopédica caracterizada pelo desalinhamento dos joelhos, que se voltam para dentro, fazendo com que os tornozelos fiquem afastados mesmo quando os joelhos estão juntos. Comumente chamado de joelho em “X”, esse desvio pode afetar tanto crianças quanto adultos e, dependendo da gravidade, causar alterações na marcha, dores e maior predisposição a lesões. Mas será que o fortalecimento muscular é o bastante para corrigir ou suavizar esse quadro? A busca por soluções menos invasivas para tratar o joelho valgo, como fisioterapia e fortalecimento, tem crescido — principalmente entre pacientes que desejam evitar a intervenção cirúrgica. No entanto, é necessário compreender a causa do desalinhamento e os limites do tratamento conservador. Para te ajudar, vamos explorar neste material como o fortalecimento atua no joelho valgo, quais músculos devem ser priorizados e em que situações ele pode trazer bons resultados. O que é joelho valgo e por que ele acontece O joelho valgo pode ter causas variadas, desde fatores genéticos e alterações no desenvolvimento até consequências de hábitos posturais e desequilíbrios musculares. Nas crianças, é comum que seja observado um certo grau de valgo fisiológico entre os dois e seis anos, que geralmente se corrige de forma espontânea com o crescimento. Contudo, quando esse desalinhamento persiste ou aparece na vida adulta, se torna motivo de atenção clínica. Entre os fatores que contribuem para a manutenção ou agravamento do joelho valgo estão a frouxidão ligamentar, fraqueza da musculatura estabilizadora do quadril, encurtamentos musculares, obesidade e alterações no eixo dos membros inferiores. O impacto dessa condição vai além da aparência estética, podendo gerar sobrecarga nas articulações — como joelhos, tornozelos e quadril — e aumentar o risco de lesões como condromalácia patelar e artrose precoce. Além das questões biomecânicas, a marcha também é afetada. O paciente com joelho valgo pode apresentar padrão de caminhada compensatório, comprometendo a eficiência do movimento e o equilíbrio. Quando não tratado, esse desalinhamento tende a se agravar com o tempo, principalmente quando associado a fatores como sobrepeso e sedentarismo. Por esse motivo, o diagnóstico preciso é fundamental. É necessário avaliar se o valgo é estrutural ou funcional para definir a abordagem ideal. Nos casos de valgo funcional, o fortalecimento pode ter um papel essencial na estratégia terapêutica. Como o fortalecimento pode ajudar no joelho valgo? O fortalecimento muscular atua diretamente no alinhamento dinâmico dos membros inferiores. Nos casos de joelho valgo funcional, onde o desvio acontece principalmente durante a movimentação e não em repouso, trabalhar os músculos responsáveis pela estabilidade do quadril e joelho pode gerar uma melhoria significativa. O objetivo, nesse caso, é promover o equilíbrio entre as forças musculares que atuam na articulação do joelho. Os principais grupos musculares que precisam ser fortalecidos nesse caso incluem os abdutores do quadril (como o glúteo médio), rotadores externos do quadril, isquiotibiais e a musculatura do core. Quando esses músculos estão enfraquecidos, o joelho tende a cair para dentro durante atividades como caminhar, correr ou agachar. Quando estão fortalecidos e ativos, eles contribuem para o alinhamento correto e a distribuição adequada da carga. A reeducação dos movimentos também é parte fundamental do processo. Exercícios funcionais que simulam padrões de movimentos do dia a dia — como agachamentos, passadas e avanços — podem ser adaptados para treinar o controle do valgo dinâmico. O acompanhamento fisioterapêutico e com educador físico especializado é necessário para corrigir padrões compensatórios e evitar sobrecargas. Vale destacar que o fortalecimento não é apenas uma medida corretiva, mas também preventiva. Pessoas com predisposição ao joelho valgo ou com histórico familiar podem se beneficiar de um programa de exercícios voltado para o equilíbrio muscular desde cedo, evitando o desenvolvimento de sintomas mais graves. Em quais casos o fortalecimento não é suficiente? Apesar dos benefícios do fortalecimento, ele não consegue resolver todos os casos de joelho valgo. Quando o desalinhamento tem origem estrutural — ou seja, está relacionado a alterações na tíbia, fêmur ou quadril — a intervenção conservadora tem resultados limitados. Nesses casos, o joelho permanece em valgo mesmo com a musculatura forte. Além disso, pacientes com deformidades acentuadas, instabilidade relevante, dores crônicas ou que já apresentam sinais de artrose avançada podem necessitar de outras abordagens de tratamento. A cirurgia corretiva (como a osteotomia) pode ser recomendada para o realinhamento do eixo dos membros, principalmente quando há comprometimento funcional significativo. A aderência ao tratamento é outro fator fundamental. O fortalecimento requer disciplina, frequência e aplicação de técnicas adequadas. Sem isso, os resultados tendem a ser insatisfatórios. Muitos pacientes acabam abandonando o protocolo de tratamento antes mesmo do tempo necessário ou realizando os movimentos de forma incorreta, piorando o quadro. Isso significa que, em alguns casos, o tratamento ideal pode ser multidisciplinar. O fortalecimento precisa estar associado ao controle de peso, uso de palmilhas ortopédicas, reeducação postural e acompanhamento clínico periódico. Leia também: Alinhamento do joelho: exercícios ajudam a corrigir? Quais os exercícios mais indicados para joelho valgo? O plano de exercícios deve ser individualizado, respeitando sempre o nível de condicionamento do paciente e o grau do desalinhamento. No entanto, existem exercícios que são especialmente recomendados por promoverem o fortalecimento dos músculos estabilizadores e melhorarem o controle do movimento, como: Também é comum o uso de exercícios com minibands, treinamento em superfícies instáveis e circuitos funcionais. A progressão deve ser gradual, com foco no alinhamento e na ativação muscular adequada. Embora não haja uma regra, a frequência ideal é de no mínimo duas a três vezes por semana, sempre com acompanhamento profissional. Quando procurar ajuda de um especialista? Muitas vezes, o joelho valgo passa despercebido até que os sintomas apareçam — como dor, desconforto ao caminhar ou limitação das atividades. Nesses casos, é necessário buscar um ortopedista para uma avaliação. Esse profissional poderá realizar exames físicos, solicitar exames complementares e indicar o melhor caminho de tratamento. Pacientes que já tentaram fortalecimento por conta própria, mas não obtiveram bons resultados, também devem buscar acompanhamento. O mesmo vale para quem apresenta agravamento do desalinhamento, histórico de quedas ou sobrepeso associado — fatores que exigem um olhar … Ler mais

Condromalácia patelar dói o tempo todo? Entenda o padrão da dor

condromalácia patelar

A condromalácia patelar é uma das causas mais comuns de dor na região anterior do joelho, principalmente em pessoas ativas, praticantes de atividades que envolvem agachamentos, saltos ou corrida, além de mulheres jovens. Essa condição é caracterizada pela degeneração da cartilagem responsável por revestir a parte posterior da patela, gerando atrito, inflamação e dor. Nesse sentido, uma dúvida muito comum entre os pacientes é se a condromalácia patelar dói o tempo todo. A resposta é: depende. O padrão da dor pode variar de acordo com o grau da lesão, os hábitos do paciente e a resposta do organismo à sobrecarga. Neste material, vamos esclarecer como essa dor se manifesta, quando ela costuma ser mais intensa e como lidar com o desconforto para manter a qualidade de vida. O que é condromalácia patelar e por que ela causa dor? A cartilagem patelar tem a função de amortecer o contato entre a patela e o fêmur durante os movimentos de flexão e extensão do joelho. Quando essa cartilagem está desgastada ou amolecida (condição chamada de condromalácia), o atrito entre as estruturas ósseas aumenta, levando à inflamação e dor na parte da frente do joelho. Essa dor pode se agravar com atividades que exigem flexão do joelho ou aumentam a pressão na articulação patelofemoral. A condromalácia é dividida em quatro graus, de acordo com a gravidade. No grau 1, há apenas o amolecimento da cartilagem; no grau 4, observa-se a perda total da cartilagem, com exposição do osso subcondral. Naturalmente, quanto maior o grau, mais intensa e constante tende a ser a dor. No entanto, o grau da lesão nem sempre é proporcional ao incômodo relatado. Pacientes com lesões leves podem sentir muita dor, e o oposto também pode ocorrer. Entre os fatores que contribuem para o desenvolvimento da condromalácia estão o desalinhamento da patela, encurtamentos musculares, fraqueza muscular, excesso de impacto, sobrepeso e alterações biomecânicas na marcha. Mulheres são mais suscetíveis por conta da anatomia do quadril e da maior frequência de valgo dinâmico. Leia também: Tratamento para condromalácia patelar grau IV, opções cirúrgicas e não cirúrgicas A condromalácia patelar dói o tempo todo? A dor da condromalácia patelar nem sempre é constante, mas pode se tornar mais frequente nas fases avançadas da condição ou em períodos de crise inflamatória. Nos estágios iniciais, é comum que o paciente sinta dor apenas durante a realização de atividades específicas, como agachar, correr, subir escadas ou permanecer muito tempo sentado com o joelho dobrado. Conforme o quadro evolui, a dor pode aparecer em repouso ou mesmo durante atividades cotidianas, como caminhar em terreno plano ou ficar de pé por longos períodos. Em alguns casos, o incômodo se manifesta como uma sensação de peso, queimação, estalos ou pressão na região anterior do joelho. Durante as crises inflamatórias, a dor pode ser contínua, principalmente à noite, e vir acompanhada de inchaço, dificuldade para apoiar o peso e limitação de movimento. Esse padrão é muito comum em pacientes com condromalácia grau 3 ou 4, especialmente quando a articulação está sobrecarregada por esforço físico intenso ou posturas inadequadas. É importante ressaltar que o padrão da dor varia muito de paciente para paciente. Algumas pessoas relatam dor leve, mas persistente ao longo do dia; outras, picos de dor intensa durante determinadas atividades. A individualização da resposta inflamatória, o nível de atividade física e a qualidade da musculatura estabilizadora são fatores que influenciam a intensidade e a frequência do desconforto. O que pode agravar a dor da condromalácia patelar? Diversos fatores podem piorar o quadro de dor da condromalácia patelar. Entre os principais estão: fraqueza muscular, sedentarismo, sobrepeso, desalinhamento do joelho e realização inadequada de exercícios. Quando combinados, esses elementos aumentam a pressão na articulação patelofemoral e favorecem o desgaste progressivo da cartilagem. O sedentarismo é especialmente prejudicial, pois reduz a força dos músculos que estabilizam a patela, como quadríceps e glúteo médio. Com esses músculos enfraquecidos, há um comprometimento do controle do movimento do joelho, gerando microtraumas repetitivos na cartilagem já lesionada. Além disso, a falta de atividade física favorece o acúmulo de peso corporal — outro fator que amplia a sobrecarga articular. Algumas atividades físicas podem agravar a dor quando realizadas de forma inadequada ou sem acompanhamento profissional. Corridas em aclive, saltos, exercícios de impacto excessivo e agachamentos profundos acentuam a pressão da patela contra o fêmur. Por isso, é necessário que o plano de exercícios seja personalizado e adaptado ao grau da condromalácia do paciente. Além do esforço físico, questões biomecânicas e posturais também influenciam. Pacientes com pés pronados, joelho valgo ou alterações na rotação do quadril têm maior predisposição a desalinhamentos patelares, o que contribui para o agravamento da dor. Nesses casos, o uso de palmilhas ortopédicas e correções posturais podem ser de grande ajuda. Como aliviar a dor e melhorar o padrão de movimento A boa notícia é que a condromalácia patelar, na maior parte dos casos, pode ser tratada por meio de uma abordagem conservadora, com grande alívio da dor. O tratamento se baseia em três pilares: fortalecimento muscular, correção biomecânica e modulação da dor. Combinando esses fatores, é possível restaurar o controle articular e reduzir a sobrecarga na patela. O fortalecimento do quadríceps, principalmente da porção medial (vasto medial oblíquo), é uma das estratégias mais eficazes para a melhora dos sintomas. Esse músculo ajuda a manter a patela centrada no sulco femoral durante a movimentação do joelho, reduzindo o atrito. Glúteos e core também devem ser trabalhados para contribuir com a estabilidade global do membro inferior. A fisioterapia é o recurso mais indicado para os quadros sintomáticos. Eletroterapia, liberação miofascial, cinesioterapia e exercícios terapêuticos são técnicas que ajudam a controlar a dor, restaurar a função do joelho e melhorar o alinhamento. O controle do peso corporal e o ajuste do calçado para a prática esportiva também ajudam a evitar crises de dor. Com um plano de tratamento bem estruturado e acompanhado, é possível manter a funcionalidade do joelho e retomar as atividades sem desconforto. Quando a condromalácia exige atenção especializada? Nem todos os … Ler mais

Osteotomia previne a progressão da artrose no joelho?

osteotomia

A artrose no joelho é uma das principais causas de dor e limitação funcional entre adultos e pacientes idosos. Trata-se de uma condição degenerativa que afeta a cartilagem, causando desgaste, alterações ósseas e inflamação. Em alguns casos, o tratamento clínico com medicamentos, fisioterapia e mudanças de estilo de vida ajuda a controlar os sintomas. Contudo, no caso de pacientes jovens ou que apresentam artrose localizada em apenas um dos compartimentos do joelho, um procedimento chamado osteotomia pode ser uma alternativa para retardar a progressão da doença. Mas, na realidade, a osteotomia realmente ajuda a prevenir a progressão da artrose no joelho? Para compreender bem os resultados obtidos com a osteotomia, precisamos entender também a biomecânica da articulação, o papel da correção do eixo mecânico e os tipos de artrose. Neste artigo, vamos explorar como a osteotomia funciona, quando ela é indicada e os seus resultados no controle da artrose. O que é osteotomia e como ela funciona? A osteotomia é um procedimento cirúrgico que consiste no corte e alinhamento ósseo para redistribuir as cargas sobre a articulação do joelho. Em pacientes com artrose localizada, ocorre uma sobrecarga assimétrica que acelera o desgaste da cartilagem. Nesse caso, o objetivo da osteotomia é corrigir o eixo do membro inferior de forma que o peso corporal seja transferido com equilíbrio entre os compartimentos. Esse realinhamento ajuda a aliviar a pressão sobre as áreas afetadas pela artrose, melhora a função do joelho e alivia a dor. O procedimento pode ser realizado na tíbia ou no fêmur, dependendo do tipo e da localização do desalinhamento. A técnica mais comum é a osteotomia tibial alta, muito eficaz em casos de genu varo (joelho arqueado para fora). Além desse alívio sintomático, o realinhamento proporciona um ambiente mais favorável para a preservação da cartilagem que resta, ajudando a retardar a progressão da degeneração articular. Quando a osteotomia é indicada? A indicação da osteotomia é bastante específica. Esse procedimento é mais apropriado para pacientes relativamente jovens (com idade entre 40 e 60 anos), ativos e com artrose unicompartimental, principalmente nos casos onde há deformidade angular evidente. Também é indicado para os pacientes que desejam adiar ou evitar a colocação de uma prótese total, seja por idade, atividade física intensa ou aspectos clínicos. Alguns outros critérios também são avaliados, como: Considerando esses fatores, é fundamental contar com uma avaliação detalhada por meio de exames clínicos e de imagem para determinar não só a viabilidade como a necessidade da cirurgia, permitindo que o médico planeje a melhor técnica para cada caso. Leia também: Quando a Osteotomia é Indicada para Corrigir Joelho Varo Quais são os benefícios da osteotomia para artrose? O principal benefício da osteotomia é proporcionar melhora da função articular e alívio da dor, sem a necessidade de uma prótese total. Estudos demonstram que os pacientes bem selecionados podem ter uma melhora significativa na qualidade de vida, com retorno às atividades físicas e profissionais. A osteotomia também tem como vantagens a preservação da articulação natural, possibilidade de futuras intervenções quando necessário e retardo na progressão da artrose. Os ganhos articulares proporcionados por esse procedimento cirúrgico permitem que o paciente melhore sua qualidade de vida e evite uma cirurgia de prótese total de joelho de forma imediata, garantindo mais tempo no esporte, maior conforto e melhora dos sintomas. Essa preservação articular é especialmente valiosa para os pacientes jovens, pois a durabilidade de uma prótese total de joelho tem limites — geralmente entre 15 e 20 anos — e procedimentos de revisão costumam ser muito complexos. A osteotomia previne mesmo a progressão da artrose? Estudos clínicos apontam que a osteotomia pode, sim, retardar a progressão da artrose quando bem indicada e realizada. O realinhamento biomecânico reduz a pressão sobre a área comprometida, diminuindo a inflamação crônica e o desgaste contínuo do tecido cartilaginoso. Embora ela não consiga curar a doença, a cirurgia modifica o ambiente articular e contribui para uma evolução mais lenta desse processo degenerativo. É importante lembrar que os melhores resultados são observados quando a osteotomia é realizada nos estágios iniciais ou moderados da artrose, antes que haja um comprometimento mais grave do joelho. Em pacientes com artrose avançada ou em múltiplos compartimentos, a indicação tende a ser de artroplastia total. O acompanhamento pós-operatório é um ponto fundamental nesse processo. A reabilitação com fisioterapia, manutenção da força muscular e controle do peso corporal são fatores decisivos para o sucesso a longo prazo do procedimento. Quais são os riscos e limitações da cirurgia de osteotomia? Como qualquer procedimento cirúrgico, a osteotomia apresenta alguns riscos, como infecção, trombose venosa profunda, falha na consolidação óssea, necessidade de nova cirurgia, entre outros. Por essa razão, é necessário contar com um profissional especializado e de confiança para que o procedimento seja realizado da melhor forma possível. Além disso, nem todos os pacientes são candidatos ideais. Pacientes com artrose avançada, obesidade severa, baixa densidade óssea ou patologias associadas apresentam contraindicações relativas ou absolutas para o procedimento. O tempo de recuperação costuma ser mais prolongado que o da prótese. O paciente precisa garantir comprometimento com a fisioterapia e, muitas vezes, implementar adaptações temporárias na sua rotina. Apesar desses fatores, para os pacientes com perfil ideal, os benefícios superam os riscos, e a osteotomia representa uma alternativa muito valiosa nas abordagens terapêuticas. Se você sofre com dores no joelho e foi diagnosticado com artrose, converse com um especialista para saber se a osteotomia pode ser indicada no seu caso. Agende uma consulta e descubra as melhores opções para cuidar da saúde do seu joelho.