Tempo de recuperação da osteotomia: quando voltar às atividades?

A osteotomia é um procedimento cirúrgico que corrige desalinhamentos nos ossos ao redor do joelho, como o genu varo (joelho arqueado) ou genu valgo (joelho em “X”), permitindo uma redistribuição adequada das cargas e retardando o avanço da artrose. Cada vez mais indicada para pacientes jovens e ativos, essa cirurgia tem como objetivo preservar a articulação natural por mais tempo e até mesmo adiar ou evitar a necessidade de uma prótese total de joelho.

Embora a osteotomia proporcione benefícios significativos, muitos pacientes têm dúvidas sobre o tempo de recuperação e quando é possível retomar suas atividades diárias, profissionais e esportivas. A resposta depende de diversos fatores, como a técnica utilizada, o tipo de osteotomia, o grau de deformidade, a condição física do paciente e a adesão ao processo de reabilitação.

O que é osteotomia e por que ela é indicada?

A osteotomia consiste no corte controlado do osso, geralmente na tíbia ou no fêmur, para o realinhamento do eixo do membro inferior. Em pacientes com artrose localizada no compartimento medial do joelho, a cirurgia permite uma distribuição equilibrada da carga, reduzindo a pressão sobre a região desgastada.

As indicações mais comuns incluem:

  • Joelho varo ou valgo com dor localizada
  • Artrose unicompartimental em estágio inicial ou moderado
  • Pacientes jovens, entre 40 e 60 anos, fisicamente ativos
  • Desejo de adiar a colocação de uma prótese total de joelho

Graças ao realinhamento, é possível reduzir a dor, melhorar a função e retardar a progressão da artrose. Contudo, ao contrário da prótese, a osteotomia exige mais tempo de recuperação e comprometimento com a fisioterapia, já que é necessário que o osso consolide na nova posição.

Como é o pós-operatório imediato?

Após a cirurgia, o paciente permanece internado por um a dois dias. Nessa fase, são realizados cuidados para controle da dor, prevenção de trombose e início da mobilização. O uso de muletas ou andador é comum nos primeiros dias, para limitação da carga sobre a perna operada, conforme orientação médica.

Nos primeiros 15 dias, o paciente pode esperar:

  • Dor moderada, controlada com analgésicos
  • Edema e hematomas na perna operada
  • Dificuldade para dobrar completamente o joelho
  • Necessidade de manter a perna elevada
  • Primeiros movimentos com apoio parcial, com orientação do fisioterapeuta

Nesse estágio, o principal foco é proteger a área operada, controlar o inchaço e iniciar a reabilitação leve para manter a mobilidade e evitar rigidez articular.

Etapas da recuperação e retorno gradual às atividades

A recuperação da osteotomia é progressiva e envolve fases bem definidas, que devem ser acompanhadas por um fisioterapeuta e um ortopedista. A seguir, as principais etapas:

0 a 6 semanas: cicatrização e mobilidade inicial

Durante esse período, o osso está em processo de consolidação. O paciente ainda caminha com auxílio de muletas e não deve sustentar peso total sobre a perna operada.

O foco da fisioterapia é:

  • Exercícios de mobilização passiva e ativa do joelho
  • Controle da dor e do inchaço
  • Fortalecimento leve da coxa e do quadril
  • Exercícios respiratórios e circulatórios para prevenir trombose

A maior parte dos pacientes consegue dobrar o joelho a 90 graus até a quarta ou quinta semana. É um processo que exige paciência e adesão rigorosa ao plano de reabilitação.

6 a 12 semanas: aumento da força e transição de carga

Com o avanço da consolidação óssea, o ortopedista pode autorizar o aumento progressivo da carga sobre a perna operada. O uso de muletas vai sendo reduzido e os exercícios tornam-se mais ativos.

O objetivo da fisioterapia é:

  • Recuperar totalmente a amplitude de movimento do joelho
  • Fortalecer quadríceps, glúteos e core
  • Treinar equilíbrio e coordenação
  • Iniciar caminhada supervisionada com apoio parcial

Com boa adesão ao plano de reabilitação, o paciente pode retornar ao trabalho administrativo ou atividades leves entre a 8ª e a 10ª semana, desde que não haja exigência física intensa.

3 a 6 meses: retorno à funcionalidade

Com a consolidação óssea completa e o ganho de força muscular, o paciente retoma sua mobilidade habitual e já realiza a maioria das atividades diárias sem dor.

Nesta fase, a reabilitação inclui:

  • Exercícios de resistência com carga progressiva
  • Treino de marcha e subida de escadas
  • Início de atividades físicas leves (bicicleta, hidroginástica, caminhada)

É nesse estágio que o paciente começa a sentir os benefícios reais do procedimento, com melhora da dor, da função articular e maior segurança nos movimentos.

6 a 12 meses: retomada de esportes e atividades de impacto

A liberação para esportes de maior impacto depende da recuperação individual, do tipo de osteotomia e dos objetivos do paciente.

Em média:

  • Atividades de impacto leve a moderado são liberadas entre 5 e 6 meses
  • Esportes mais exigentes, como corrida, futebol, tênis ou musculação com carga, podem ser retomados após 8 a 12 meses

É fundamental que o paciente respeite o tempo de reabilitação para evitar complicações como fraturas por estresse, falhas na consolidação óssea ou recidiva da dor.

Quais fatores influenciam no tempo de recuperação?

A recuperação da osteotomia pode variar bastante entre os pacientes, pois diversos fatores podem acelerar ou prolongar o processo.

Fatores que aceleram a recuperação:

  • Boa condição física pré-operatória
  • Alimentação equilibrada e hidratação adequada
  • Adesão rigorosa à fisioterapia
  • Não tabagismo
  • Acompanhamento ortopédico regular

Fatores que podem atrasar a recuperação:

  • Obesidade
  • Diabetes descontrolada
  • Osteoporose ou baixa densidade óssea
  • Tabagismo
  • Falta de comprometimento com a reabilitação

Por isso, é essencial que o paciente esteja engajado no processo e siga todas as orientações médicas e fisioterapêuticas para garantir o sucesso da cirurgia.

Conclusão

A osteotomia do joelho é uma cirurgia altamente eficaz para corrigir desalinhamentos e preservar a articulação em casos de artrose localizada. Embora o processo de recuperação exija paciência e comprometimento, os resultados compensam: melhora significativa da dor, retorno às atividades e ganho de qualidade de vida.

Agende uma consulta com um especialista em joelho e receba uma avaliação personalizada sobre a osteotomia e o melhor plano de recuperação para o seu caso.

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