Diferença entre joelho valgo funcional e estrutural: como identificar?

O joelho valgo é caracterizado pelo desalinhamento dos membros inferiores, em que os joelhos se aproximam ou se tocam enquanto os pés permanecem afastados. Popularmente conhecido como “pernas em X”, esse desalinhamento afeta a biomecânica da marcha, aumenta o risco de lesões e sobrecarrega as articulações.

O que muitas pessoas ainda não sabem é que o joelho valgo pode apresentar duas naturezas distintas: funcional ou estrutural. Essa diferenciação é fundamental, já que influencia na escolha do tratamento. Enquanto o joelho valgo funcional está relacionado a alterações musculares e posturais que podem ser corrigidas com reabilitação, o valgo estrutural decorre de mudanças ósseas permanentes, que podem exigir tratamentos mais complexos.


O que é joelho valgo funcional?

O joelho valgo funcional acontece quando o desalinhamento não é resultado de alterações permanentes, mas sim de desequilíbrios musculares, problemas na mobilidade articular ou padrões de movimento inadequados. Isso significa que, em posição relaxada, o joelho pode parecer desalinhado, mas essa condição é parcial ou totalmente corrigida com ajustes posturais ou fortalecimento muscular.

Esse tipo de valgo é comum em pessoas com fraqueza dos músculos abdutores e rotadores externos do quadril, que não conseguem manter o alinhamento adequado durante atividades como correr, caminhar ou saltar. O excesso de pronação dos pés também contribui, pois altera a mecânica de toda a cadeia dos membros inferiores.

Atletas, especialmente os que praticam esportes de alto impacto, podem desenvolver joelho valgo funcional devido à repetição de movimentos sem o devido equilíbrio. A sobrecarga constante provoca inflamação, dor e lesões associadas, como a síndrome patelofemoral.

Por não envolver deformidades ósseas fixas, o joelho valgo funcional tende a responder bem a tratamentos conservadores, como programas de fortalecimento e correção do padrão de movimento, reduzindo o risco de agravamento e complicações.


O que é o joelho valgo estrutural

Já o joelho valgo estrutural está associado a alterações anatômicas permanentes, seja no fêmur, na tíbia ou em ambos. Esse desalinhamento pode ser congênito, resultado de doenças ósseas, adquirido após fraturas mal consolidadas ou consequência de processos degenerativos.

Nesse caso, o ângulo formado entre a tíbia e o fêmur é fixo e não pode ser corrigido com ajustes posturais ou fortalecimento muscular. Isso significa que, mesmo com tratamento conservador, o alinhamento não muda significativamente, embora seja possível minimizar os sintomas e a sobrecarga.

O joelho valgo estrutural tende a ser mais pronunciado e pode estar associado ao desgaste precoce da cartilagem, principalmente no compartimento lateral. Com o tempo, aumenta o risco de artrose e limita a prática de atividades físicas de alto impacto. Nos casos mais graves, a correção definitiva pode exigir intervenção cirúrgica, como a osteotomia, que realinha o eixo do membro inferior.

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Como identificar se é funcional ou estrutural

A distinção entre joelho valgo funcional e estrutural exige uma avaliação clínica criteriosa por um profissional qualificado. Um dos testes realizados é a observação da posição dos joelhos em pé e durante a marcha, verificando se o desalinhamento muda com ajustes de postura ou contração muscular voluntária.

No caso do joelho valgo funcional, é comum que o alinhamento melhore quando o paciente é orientado a ativar determinados músculos ou ajustar a posição dos pés e quadris. Já no valgo estrutural, a distância entre os pés e o ângulo dos joelhos permanecem praticamente inalterados.

Radiografias ajudam a confirmar o diagnóstico, mostrando o ângulo formado pelos ossos e identificando possíveis alterações anatômicas. A ressonância magnética pode ser indicada para avaliar a cartilagem e as estruturas associadas, principalmente se o paciente apresentar histórico de lesões.

A identificação correta do tipo de valgo é fundamental, pois tratamentos equivocados podem trazer poucos resultados e até gerar sobrecargas adicionais.


Tratamento e prevenção para cada caso

No joelho valgo funcional, a prioridade é melhorar a biomecânica dos movimentos por meio da correção de desequilíbrios musculares. O fortalecimento de glúteos, quadríceps e core, associado a exercícios de propriocepção e reeducação da marcha, é altamente eficaz nesse processo. Palmilhas personalizadas ajudam na correção do excesso de pronação dos pés, reduzindo a sobrecarga sofrida pelo joelho.

Já para o joelho valgo estrutural, o tratamento visa aliviar sintomas e retardar o desgaste da articulação. Para isso, pode ser recomendada fisioterapia, uso de órteses, modificação de atividades e controle do peso corporal. Nos casos em que há desalinhamento acentuado ou dor persistente, pode ser indicada a intervenção cirúrgica.

A prevenção de ambos os tipos envolve manter força e flexibilidade muscular, evitar sobrecargas repetitivas e utilizar calçados adequados para cada tipo de pisada. Atletas precisam incluir exercícios de fortalecimento e mobilidade na rotina de treinos para prevenir a instalação de padrões compensatórios.

O acompanhamento periódico com ortopedista é indispensável, pois permite identificar precocemente alterações no alinhamento e adotar medidas para evitar complicações a longo prazo.


Se você percebe desalinhamento nos joelhos ou sente dor durante atividades físicas, procure um ortopedista especializado. Entre em contato e garanta um diagnóstico preciso para iniciar o seu tratamento o quanto antes.