Controle de peso e impacto nas articulações do joelho
O excesso de peso é um dos principais fatores que contribuem para o desenvolvimento e a progressão das dores no joelho. Embora a relação entre sobrepeso e saúde articular seja amplamente reconhecida, nem sempre ela é compreendida em sua complexidade. Mais do que apenas uma questão mecânica, o aumento de peso influencia nos processos metabólicos e inflamatórios que afetam a articulação. A boa notícia é que pequenas reduções no peso corporal já podem gerar grandes benefícios. Estudos demonstram que perder até 5% do peso total já é suficiente para reduzir significativamente a dor e melhorar a mobilidade. Impacto biomecânico do peso sobre o joelho O joelho é uma das articulações mais exigidas do corpo humano. Ele suporta cargas que variam de três a cinco vezes o peso corporal durante atividades como subir escadas, agachar ou correr. Isso significa que um ganho de apenas 5 kg pode representar até 25 kg extras de força sobre a articulação a cada movimento. Com o passar do tempo, essa sobrecarga leva a um desgaste da cartilagem, o tecido responsável pelo amortecimento do atrito entre os ossos. Como a cartilagem não possui vasos sanguíneos e tem capacidade limitada de regeneração, esse dano se torna cumulativo. O resultado é dor, rigidez e inflamação — sintomas característicos da artrose. Além disso, o excesso de peso também altera o alinhamento entre os membros inferiores, favorecendo desvios como joelho valgo ou joelho varo. Esses desalinhamentos ampliam a pressão sobre regiões específicas da articulação, acelerando o desgaste e aumentando o risco de lesões meniscais e ligamentares. O impacto do peso sobre o joelho é, portanto, tanto mecânico quanto postural. Felizmente, ao reduzir a carga corporal, a pressão sobre a articulação diminui imediatamente — um benefício perceptível já nas primeiras semanas de emagrecimento. O papel da inflamação e da gordura corporal A influência do peso sobre o joelho vai além da mecânica. O tecido adiposo, principalmente o visceral, é metabolicamente ativo e funciona como um órgão endócrino. Ele produz citocinas inflamatórias, como a interleucina-6 e o fator de necrose tumoral alfa, que circulam na corrente sanguínea e atingem tecidos articulares. Essas substâncias estimulam a degradação da cartilagem e intensificam a inflamação sinovial, contribuindo para a piora de doenças como a artrose. Além disso, o excesso de gordura corporal também está associado à resistência à insulina e ao aumento do estresse oxidativo — fatores que agravam o quadro inflamatório e comprometem o metabolismo ósseo. Ou seja, mesmo indivíduos com sobrepeso leve podem apresentar inflamação articular significativa, independentemente da carga mecânica. Esse fenômeno explica por que algumas pessoas magras, mas com alimentação inflamatória e alta gordura visceral, também podem desenvolver dor no joelho. Combinar alimentação equilibrada, atividade física e controle metabólico é, portanto, essencial para reduzir não só o peso na balança, como também a inflamação sistêmica. Estratégias eficazes para perda de peso e proteção articular Perder peso de forma saudável exige um plano multifatorial, que combine ajustes na alimentação, aumento do gasto energético e reeducação de hábitos. Dietas restritivas e temporárias costumam gerar resultados insustentáveis, enquanto programas baseados em equilíbrio e constância oferecem benefícios reais e duradouros. A dieta anti-inflamatória, rica em frutas, vegetais, proteínas magras e gorduras boas, é uma excelente base para quem busca reduzir peso e melhorar a saúde do joelho. Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados e priorizar nutrientes que modulam a inflamação ajuda a proteger a cartilagem e aliviar o sobrepeso. A prática regular de exercícios físicos de baixo impacto, como caminhada, bicicleta e hidroginástica, ajuda no aumento do gasto calórico sem sobrecarregar as articulações. O fortalecimento muscular, principalmente de glúteos e quadríceps, é fundamental para estabilizar o joelho e distribuir melhor as forças durante o movimento. O acompanhamento multiprofissional, envolvendo médico, nutricionista e fisioterapeuta, potencializa os resultados e reduz o risco de lesões. Esse processo deve acontecer de forma gradual e ser adaptado às limitações de cada paciente, respeitando o equilíbrio entre segurança e progresso. Benefícios clínicos da perda de peso no joelho Os ganhos obtidos com a perda de peso vão muito além da estética. Estudos demonstram reduções expressivas na dor e na limitação funcional em pacientes que emagrecem de forma consistente. Além de aliviar a dor, a perda de peso melhora a função muscular, a estabilidade articular e o equilíbrio postural, reduzindo o risco de quedas e lesões. A redução da carga também favorece o alinhamento biomecânico, permitindo uma marcha mais natural e eficiente. A melhoria da qualidade do sono e da energia diária é outro benefício importante. Isso favorece a prática regular de exercícios e cria um ciclo positivo de bem-estar e saúde articular. Manter o peso adequado a longo prazo reduz a necessidade de cirurgias ortopédicas e retarda a progressão da artrose. O controle do peso corporal também apresenta efeito preventivo. Pacientes com histórico familiar de artrose podem reduzir significativamente o risco de desenvolver a doença se mantiverem o IMC dentro da faixa ideal e adotarem hábitos anti-inflamatórios desde cedo. Leia também: Terapias biológicas para o joelho: o que são, indicações e evidências O peso ideal e o acompanhamento médico Determinar o peso ideal não deve se basear apenas em fórmulas genéricas ou no índice de massa corporal. Cada paciente tem uma composição corporal e estrutura óssea distintas. O foco deve estar na redução da gordura corporal, principalmente a visceral, e não na perda de massa magra, que é fundamental para proteger as articulações. O ortopedista desempenha papel indispensável na avaliação do impacto do peso sobre o joelho, principalmente nos casos de dor persistente. Exames de imagem, como radiografia e ressonância magnética, ajudam na identificação das áreas de sobrecarga e possíveis lesões associadas. O nutricionista é o profissional responsável por personalizar o plano alimentar, garantindo que o déficit calórico não comprometa a recuperação muscular e a saúde óssea. Em muitos casos, a associação entre dieta e suplementação pode melhorar a resistência articular. Se você sente dor no joelho e quer entender como o controle do peso pode melhorar a sua qualidade de vida, agende uma consulta e garanta um plano personalizado … Ler mais